1 Ano de Cirurgia - Escoliose

  Os primeiros 3 dias após a cirurgia

  Olá!
  Hoje faz precisamente 1 ano que fui submetida a uma cirurgia para corrigir a minha escoliose de grau já avançado e, ao ler o meu antigo post sobre essa mesma cirurgia, vi que talvez podesse ter aprofundado um pouco mais determinados assuntos (em especial sobre a recuperação). Sendo assim, decidi tentar voltar àquela semana da cirurgia e falar mais detalhadamente do processo pré e, principalmente, pós-cirurgico.
  Uma vez que há muita coisa a dizer, dividirei este relato em duas partes de modo a evitar que o post se torne demasiado extenso.
  Dirigi-me ao hospital por volta das 14h. Estava super preocupada com o que deveria ou não levar, uma vez que ficaria lá 5 dias no mínimo, mas a verdade é que grande parte das coisas que decidi que poderiam ser importantes se revelaram inúteis. Apenas a roupa, itens de higiene pessoal e o telemóvel foram utilizados. Se bem me lembro, deixei de poder ingerir alimentos 4h antes de me dirigir ao hospital e líquidos 2h antes (sendo que a cirurgia só se realizaria algumas horas mais tarde - por volta das 18/19h, se não me engano).
  Quando cheguei ao hospital, levaram-me ao quarto onde eu iria ficar quando voltasse dos cuidados intensivos. Era um quarto agradável, com uma janela, secretária, a cama onde eu iria ficar (claro), o sofá-cama onde ficaria quem me fosse acompanhar (no caso, a minha mãe) e uma casa de banho relativamente grande.
  Esperei nesse quarto por algumas horas (não muitas). Lá fiz análises ao sangue (que serviriam também para ver o meu tipo sanguíneo), vesti a roupa que levaria para o bloco operatório e aproveitei para estar com os meus pais. Tomei um calmante, mas não fez grande efeito, estava muito nervosa.
  Depois tive de me deitar na cama e levaram-me até um quarto com vários pacientes que, tal como eu, estavam prestes a ser submetidos a uma cirurgia. Não estive muito tempo nesse quarto, mas foram os piores momentos que se antecederam à cirurgia. Só queria fugir dali, foi ali que a questão a operação se tornou mais real e não queria passar por nada daquilo. Chorei muito abraçada aos meus pais. Depois levaram-me até ao bloco operatório. Aí os meus pais já não me podiam acompanhar e começámos todos a chorar muito. Foi bastante complicado.
  Já na sala onde seria realizada a cirurgia, deram-me a anestesia, comecei a sentir-me tonta e acabei por "adormecer".
  A cirurgia durou cerca de 4 horas. (No hospital onde a realizei , Cuf Descobertas, enviam mensagens aos pais ao longo da cirurgia a dizer como está a correr. Como é óbvio, isso deixou-os bastante mais descansados.)
  Segundo os meus pais, foi complicado quando acordei. Estava muito agitada, mexia-me mesmo muito.  Eu não me lembro de nada disso. Lembro-me que, ao acordar, comecei a ver as coisas em fragmentos, o que me fez acreditar que estava a sonhar durante a cirurgia e me deixou muito assustada. Lembro-me também de ver que estavam a meter um tubo na minha cama, o que só me fez ter mais certezas de que estava a sonhar (o tubo servia para me aquecer, uma vez que a minha temperatura corporal estava a cerca de 31º (nem sabia que isso era possível)). Sentia também dores, o que me deixou com um péssimo humor, mas admito que esperava que fossem bem piores.
  Os enfermeiros acabaram por pedir aos meus pais para sair. Fiquei nos cuidados intensivos durante a noite, fui mudada para o meu quarto no dia seguinte de manhã.
  O conceito de cuidados intensivos não é nada aquilo que eu imaginava. Imaginava-me numa sala sozinha, com um médico a "tomar conta de mim", a ver se eu estava estável, mas não é nada disso. Os cuidados intensivos nada mais são do que uma sala enorme onde ficam vários (muitos) pacientes que se encontram em estado crítico ou acabaram de ser submetidos a cirurgia. Os pacientes são separados uns dos outros apenas por cortinas, o que é bastante incómodo. Lembro-me de ter ficado a noite toda a ouvir um homem com dificuldades respiratórias a respirar e uma mulher a falar muito alto. Também se mostrou compliacdo quando eu precisava de alguma coisa dos enfermeiros. Ao contrário do que aconteceu no meu quarto, onde eu tinha um botão para os chamar, nos cuidados intensivos tinha mesmo de gritar para virem ter comigo (o que me fazia ficar com mais dores).
  No dia seguinte de manhã finalmente deram autorização à minha mãe para vir ter comigo. Fiquei super feliz quando vi que ela me trazia um sumo, o que significava que finalmente podia beber (estava a morrer de sede).
  Como infelizmente não consegui realizar as colheitas para a autotransfusão, tive de recorrer ao banco de sangue. Usei apenas uma unidade.
  Quando finalmente o médico deu autorização para me levarem até ao meu quarto fiquei super feliz. Estava ansiosa para estar com a minha família.
  De modo a me conseguirem transportar, tiveram de me mudar de cama. Fiquei muito assustada com isso porque pensava que com qualquer esforço que eu fizesse a costura da cirurgia ia abrir. Mas não tive de fazer esforço quase nenhum. Os enfermeiros apenas puxaram o lençol onde eu estava deitada de uma cama para a outra.
  Fiquei super feliz quando cheguei ao quarto. Foi um dia bastante preenchido, recebi várias visitas. Acho que o primeiro dia foi aquele em que me senti mais bem disposta (talvez por ainda estar sob algum efeito da anestesia). O único incómodo era o facto de estar cheia de sono (mas isso aconteceu todos os dias, penso que deve ser devido à medicação).
  Apesar de me sentir bastante bem, não tinha fome nenhuma. Comi muito pouco durante a minha estadia no hospital (e até mesmo depois de voltar a casa). O sistema de refeições era muito bom e a comida era bem melhor do que esperava: vinham todos os dias ao meu quarto perguntar o que queria comer em cada uma das refeições do dia seguinte (havia um leque de escolha de 3 sopas, 3 pratos, e 3 sobremesas para cada refeição). No entanto, isso não foi o suficiente para me abrir o apetite. No primeiro dia só bebi sumo, no segundo já comi sopa (a muito custo) e a partir daí fui tentando comer um pouco do prato e sobremesa (mas nunca comia quase nada).
  Dormi super bem na primeira noite, não estive nada mal disposta. Já dos outros dias, infelizmente, não posso dizer o mesmo.
  No final da tarde do segundo dia fiquei com febre. Como é óbvio, isso assustou-me bastante. Comecei a pensar que isso significava que o meu organismo não estava a reagir bem à cirurgia e que teria de ser operada de novo de modo a remover os parafusos e hastes (felizmente, não se tratava de nada disso).
  Era suposto ter-me levantado pela primeira vez nesse dia, mas como fiquei com febre não foi possível.
  A partir daí as noites foram muito complicadas. Não sei explicar o que se passava comigo, mas, por razões desconhecidas, entrava em pânico e não conseguia dormir nada (isto verificou-se até ao fim da minha estadia no hospital. Felizmente, quando cheguei a casa voltei a dormir normalmente).







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