The Ledge - opinião

(sem spoilers)

  Vendo-me na necessidade de refletir um pouco mais sobre o papel da religião no mundo (sendo que não sou crente), decidi ver um filme que dividiu muito os espectadores entre a opinião do excelente e do péssimo: The Ledge.
  Trata-se de um filme muito rico a nível de debate de temas importantes. Aborda, em especial, a questão da religião, fé e fanatismo religioso (temas muito importantes, em especial o fanatismo religioso, que é uma grande ameaça à socieade e que, infelizmente, se tem tornado em algo cada vez mais atual), mas também se debruça sobre assuntos como a infidelidade, traição, homossexualidade e homofobia.
  O filme conta a história que levou um homem chamado Gavin a ir até à beira de um edifício com o intuito de se matar. 
  Percebemos, desde início, que está ali por obrigação, não como resultado de qualquer pensamento suicída, o que desperta mais interesse no espectador para descobrir a razão que o leva ali.
  Como é usual neste tipo de casos, um polícia foi destacado para conversar com Gavin e, assim, impedir que este se suicide. Mas aquele não era um bom dia para Hollis, o polícia. O filme começa com ele a descobrir que é infértil e, portanto, que não é pai dos seus filhos.
  Ou seja, o filme tem um início brilhante: um homem devastado por descobrir que não é pai dos seus filhos tem de convencer um suicida que a vida vale a pena.
  Para piorar a situação (e melhorar a trama) a história de Gavin envolve traição, o que se vai tornando devastador de ouvir para Hollis.

  O filme é bom, tem uma história boa, no entanto deixou-me com a sensação que teria tudo para ser excelente. Deixou-me com sentimentos um tanto quanto ambíguos no final. Por um lado, conseguia reconhecer todos os seus pontos positivos (as boas discussões sobre religião, a reflexão a que nos leva sobre a sociedade e a sua forma de julgar as pessoas, o bom início da história) e reconheço que gostei do filme. Por outro, senti que algo não estava a dar juz a todos os seus aspetos positivos... talvez a história se tenha tornado forçada, pouco realista, em alguns momentos (devido a determinados exageros nos comportamentos das personagens)...
  Reconheço que algumas representações não eram as melhores (não gostei, em especial, da representação de Liv Tyler, Shana, que me pareceu demasiado "apagada", apática). Também achei que o desfeche se tornou forçado, padece de uma melhor justificação para que se torne indubitável que as personagens eram verdadeiramente capazes de realizar aquelas ações.
  Apesar disso, a história é inovadora, bem como a sua estrutura narrativa (que é feita em flashbacks, enquanto Gavin conversa com Hollis). Para além disso, os temas abordados são de extrema importância, e é muito bom que haja filmes destes, que nos obriguem a refletir sobre assuntos do género. Também achei interessante a grande carga de problemas que todos os personagens carregam do passado, tornou-os mais humanos e, regra geral, justificou as suas ações (que não passam do resultado do sofrimento do passado).
  Dou-lhe uma avaliação de 6/10.
  O melhor que devem fazer é mesmo ver o filme e tirar as vossas próprias conclusões sobre ele. 

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