Cirurgia Escoliose - Portugal

  Olá a todos!
  Como prometido, aqui estou eu, de volta, agora com mais 5 cm (apesar de todos terem dito que seriam 10), menos 3 costelas e, certamente, com uma coluna muito mais direita!
  Como já tinha dito aqui, fui finalmente operada no dia 25 de agosto de 2016, e agora vou contar aquilo que foi, para mim, este processo.
  Devo salientar desde já que tudo isto depende muito de pessoa para pessoa, cada organismo reage de formas diferentes a este processo cirurgico. Apesar de ter pesquisado muito sobre o tema e ter lido e ouvido vários relatos de pessoas a descrever como foi a sua recuperação da cirurgia, devo dizer que nada daquilo que li foi exatamente igual àquilo que aconteceu comigo. Cada organismo reage de uma forma diferente, principalmente tendo em conta que esta é uma cirurgia bastante invasiva (e que continuo a considerar carente de muita mais evolução, precisamente por ser demasiado invasiva, mas isso é outro assunto que aqui não diz respeito).
  Para além de poderem haver divergências a nível do organismo de cada um, há também com certeza a nível do hospital e dos cuidados médicos que possam ter. No meu caso, fiz a cirurgia no hospital da CUF Descobertas, em Lisboa, e devo dizer que melhor cuidado e atenção para comigo, tanto por parte do médico, professor Jorge Mineiro, como das enfermeiras, auxiliares, anestesistas (cujos nomes, com muita pena minha, não me recordo) seria mesmo impossível. Aconselho a 500% a quem esteja indeciso no médico e hospital para realizar a cirurgia, é uma excelente equipa médica e um hospital com excelentes condições.
  Apesar de a cirurgia ter sido realizada apenas no dia 25 de agosto, tive de me deslocar para a capital no início de agosto (dia 8, se não me engano) de modo a recolher sangue para autotransfusão (uma forma de evitar recorrer ao banco de sangue).
Tive de me deslocar ao hospital Amadora Sintra 1 vez por semana nas 2 semanas que se antecederam à cirurgia de modo a tentar fazer a autotransfusão.
Sim, tentar... Infelizmente não consegui recolher sangue em nenhuma das duas vezes que lá fui.
  A primeira vez que fui estava muito nervosa, o que acabou por afetar de alguma forma a circulação do sangue e impossibilitou a completa recolha do mesmo. Fiz a colheita até aos 280mg e a minha veia deixou repentinamente de dar sangue. A enfermeira tentou usar outra veia para fazer a colheita, mas sem sucesso. E os meus 280g de sangue foram para o lixo... Infelizmente, não tinha conseguido dar a quantidade de sangue necessária para a doação ser conservada, logo teve de ir para o lixo... Para além disso, o nível de ferro (hemoglobina) no meu organismo não é muito alto, não me recordo de números, mas sei que me faltavam 2 valores para ficar a baixo do recomendado e, com esta recolha de sangue que, apesar de não ter sido em quantidade suficiente para ser conservada, foi a quantidade suficiente para descer ainda mais os meus valores de ferro, acabei por ficar com os valores a baixo do recomendado. Pelo que na minha segunda tentativa de colheita também não me foi possível recolher sangue.
  Claro que isso me deixou preocupada. Ver que algo tão simples como uma autotransfusão não tinha corrido bem fez-me pensar que a cirurgia também não iria correr bem... Fiquei mesmo muito nervosa.
  Quando o tão aguardado dia chegou morria de nervos. Tive de ir para o hospital às 14h de modo a prepara-me para a cirurgia e, se bem me recordo, esta começou por volta das 19h. Fui levada ao quarto onde iria ficar quando viesse da cirurgia, lá fiz análises para poderem ver qual é o meu grupo sanguíneo, tomei um calmante (que não fez grande efeito) e esperei algum tempo até ser levada para o bloco operatório.
  Aí foi muito complicado separar-me dos meus pais.... Fiquei com muito medo, disse que já não queria fazer a cirurgia, pedi para me tirarem dali... Todos chorámos muito.
  Doeu MUITO levar a anestesia. Pensei que a anestesia fosse dada pelo braço, do mesmo modo que fiz a recolha de sangue, mas na verdade é pela mão, e dói bastante para a agulha entrar. Antes de meterem a agulha dão umas batidas fortes na mão com algo duro e como tenho a mão muito magra foi um bocado doloroso.
  Depois de ter levado a anestesia lembro-me de ter começado a ficar tonta, fechei os olhos para ver se as tonturas passavam e o resto das memórias que tenho já são de mim nos cuidados intensivos.
  A cirurgia durou cerca de 4h, quando acordei estava muito confusa. Como as imagens que via eram em fragmentos, pensava que estava a sonhar durante a cirurgia, o que me deixou muito assustada. Segundo os meus pais, acordei muito agitada, tiveram de ficar quatro pessoas a agarrar-me para eu parar de me mexer na cama.
  Em relação às dores... A primeira coisa que disse quando acordei foi que estava cheia de sede (mas só fui autorizada a beber na manhã do dia seguinte), só depois disse que tinha dores. Por isso sim, a sede era superior às dores ahahah Não é uma dor comparável a qualquer outra que já tenha sentido antes. Era muito incomodativa, sempre constante. Acho que aquilo a que se aproximava mais eram às dores que sentia quando, antes da cirurgia, estava muito tempo sentada, mas, claro, no caso da cirurgia essa dor era mais intensa. Imaginava acordar com bastante mais dores, devo dizer que nesse aspeto não foi tão mau quanto esperava.
  O primeiro dia depois da cirurgia foi bom, ao longo do dia quase que fiquei sem dores e sentia-me bem. Quanto aos outros dias, surgiram algumas complicações (não tanto relacionadas com a coluna, essa estava claramente bem, mas mais com a reação do meu organismo à invasão a que foi submetido).
  As complicações chegaram quando fiquei com febre (no segundo dia). Entrei em desespero, pensei que o meu organismo estivesse a rejeitar as hastes e os parafusos. Devido à febre, tive de ficar mais 1 dia no hospital do que o previsto (foram, ao todo, 6 dias), felizmente os médicos descobriram (devido à minha dificuldade em urinar) que a febre não passava da reação do organismo a uma infeção urinária causada pelo uso da algália (sim... uma coisa que me deixou muito revoltada foi ter de usar algália, mas como não se sai da cama durante uns dias tem de ser).
  Se não me engano, levantei-me pela primeira vez depois da cirurgia no terceiro dia. Foi muito estranho. Senti muita pressão sobre a coluna e fiquei muito tonta. Essa sensação de peso e tontura quando me levantava manteve-se intensa cerca de 1 semana, é algo que vai diminuindo aos poucos (como toda a recuperação desta cirurgia).
  No hospital tive algumas sessões de fisioterapia de modo a habituar-me à minha nova coluna (que deixou de se curvar). A início o facto de não me conseguir curvar deixou-me muito revoltada, mas agora já me adaptei por completo à minha nova coluna e faço tudo aquilo que fazia antes da cirurgia.
  Voltei para casa de carro. A viagem foi estranha, fazia alguma impressão na coluna cada vez que o carro passava por um desnível, mas senti-me feliz por estar a voltar, aos poucos, à minha vida normal.
  Depois de chegar a casa, cada dia foi melhor do que o outro e a minha recuperação está a ir lindamente.
  A princípio preocupei-me muito por não conseguir estar mais do que 5 minutos de pé ou sentada, mas à medida que o tempo vai passando, o tempo que conseguimos estar de pé vai aumentando (neste momento, caso não carregue algum tipo de peso durante o dia - como a mochila - consigo estar um dia inteiro de pé).
  Entre as minhas pesquisas, vi que o tempo médio de recuperação da cirurgia é de 2 anos, sendo os primeiros 6 meses a altura mais "crítica" da recuperação (em especial o primeiro mês).
  No dia 25 de fevereiro completei os meus 6 meses de cirurgia e, apesar de ainda estar ligeiramente limitada pela recuperação, sinto-me feliz pelo facto de a minha vida estar quase 100% normal outra vez e por ver o problema da escoliose finalmente resolvido.
  Quanto à cicatriz: De modo a fazer com que as marcas da intervenção cirurgica sejam o mais suaves possível, nos primeiros 6 meses após a cirurgia devemos massajar a cicatriz com Dermatix ou Creme Nivea de lata (de manhã e à noite) e também hidratar a cicatriz com óleo de rosa mosqueta. Os pontos que levei foram internos (portanto, naturalmente absorvidos pelo osganismo, sem necessidade de serem removidos) e na pele apenas tinha uns adesivos brancos que foram caindo à medida que os dias foram passando (eles caem naturalmente).
  Apesar de eu continuar a considerar este tipo de cirurgia demasiado invasivo, reconheço que, em alguns casos, é necessário, e infelizmente eu fazia parte desses casos. No final, acho que posso dizer que valeu a pena e não me arrependo da decisão que tomei de corrigir a minha escoliose (até porque, no estado em que a minha coluna já se encontrava, não tinha grande escolha).

  No caso de terem alguma questão a fazer-me podem falar comigo através do email: beatrizfeliciano1999@gmail.com

Deixo aqui também o antes e depois da minha coluna. Admitamos: está muito melhor!

Comentários

  1. Realmente melhorou bastante, quanto custa uma cirurgia destas?

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    1. Tendo em conta que tenho seguro ADSE, foram cerca de 5 mil euros.
      Não sei quanto seria caso não tivesse esse seguro, mas sei que eles cobriram mais de metade das despesas.

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  2. Boa tarde Beatriz
    Me chama no WhatsApp ou pelo Instagram
    Gostaria de tirar algumas dúvidas sobre a cirurgia
    Eu tenho escoliose ...

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  3. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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